terça-feira, 10 de maio de 2011

Morgan, Engels e a teoria evolucionista face ao materialismo dialético


Autor: Pedro Santos Salles

Resumo da aula, dia 5 de maio.

A teoria evolucionista de Henry Morgan foi o objeto principal da aula, bem como a elaboração dos conceitos utilizados para apreender o que há de comum no processo de evolução das sociedades, embasamento principal de sua teoria unilinear de evolução. Para Morgan, o estudo das sociedades, comparadas e organizadas em uma linha evolutiva única e hierarquizada, levaria a inevitável conclusão de uma origem única da raça humana. É através da criação de conceitos estabelecidos no intuito de comparar as demais sociedades que se pode as organizar em uma classificação evolutiva.

Para Morgan, a evolução das sociedades estaria atrelada às três esferas da vida em sociedade e à concepção dos indivíduos com relação a elas. Os conceitos de família, propriedade e governo passam, dessa forma, por um processo evolutivo conforme progride a sociedade em questão. A noção de família encontra o ápice da sua evolução, como todas as demais noções, no estágio "civilizado" de uma sociedade. Esse estágio implica a visão de uma família como aquela composta por laços de consanguinidade e de casamento expressos por uma família monogâmica burguesa. A noção de família encontrada nos estágios ditos "selvagem" e "bárbaro", no entanto, é ainda pouco desenvolvida. Os sistemas de terminologia que classificam os parentes (em vez de apenas descrevê-los) “confundem” (na visão de Morgan) as relações de parentesco, no sentido de classificar graus mais distantes de relacionamento como se fossem parentes próximos - por exemplo, podem elevar tios e tias à condição de pais e mães; primos são tratados como irmãos, e assim em diante.

A idéia de propriedade é fundamental para a evolução de um grupo ao estágio de civilização, topo da linha evolutiva da humanidade. O completo aprimoramento da noção de propriedade, determinando por uma relação entre pessoas e não entre pessoas e coisas, determina que os homens devam estar preparados para aceitar a sua influência controladora. Assim também acontece com a noção de governo e estado, cuja origem é dada no estágio selvagem e que evolui até a constituição de uma sociedade política.

O conceito de modo de produção, como foi explanado na aula, remete à expressão de uma organização social e deriva da concepção de materialismo histórico elaborada por Karl Marx. O materialismo dialético nos remete a uma quebra de Marx com a concepção idealista de dialética em Hegel. Para Marx, o homem somente é capaz de apreender o real pelo seu próprio movimento ontológico e não o produz em um movimento reflexivo, ou seja, a consciência humana se desenvolve necessariamente com base no que há de concreto exteriormente ao individuo. Dessa forma, o conceito de modo de produção passa por uma tentativa de apreender o que há de essencial em determinada sociedade, a sua estrutura (condicionada pelas relações sociais de produção e as forças produtivas) e a superestrutura (aspecto político e ideológico).

Compreender a evolução das sociedades de forma dialética significa atribuir a cada sociedade aspectos pouco evoluídos ou em segundo plano que, quando desenvolvidos, determinem uma mudança estrutural na sociedade. Esses aspectos presentes nas sociedades anteriores, ao se desenvolverem, se tornaram a antítese que contestará a sociedade vigente (tese), e é dessa síntese de contradições que se produz a sociedade seguinte. Assim foi compreendida por Marx e Engels a evolução da sociedade européia através da luta de classes que condicionam uma mudança nos modos de produção vigentes.

Pode-se analisar, por fim, a apropriação evolucionista que Engels fez da obra de Marx ao equiparar às categorias de Morgan (Família, Propriedade e Estado) às categorias da obra de Marx (divisão do trabalho, princípio especifico que se concebe a propriedade, e a forma que se entende o processo de troca).