Autora: Alice Dias Lima de Santana
A aula da disciplina Antropologia II,
ministrada pela docente Cecília McCallum num sabado em dezembro, teve como tema no primeiro horário o
pensamento e o trabalho de Franz Boas, fundador da principal abordagem da
antropologia moderna norte americana. Para terminar a discussão sobre o “pai da
Antropologia Cultural”, iniciada na aula anterior, assistimos e discutimos a
parte final do documentário Shackles of Tradition: Franz Boas,
disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=GOvFDioPrMM
A carreira de Franz Boas começa na
Sociedade Berlinense para a Antropologia, Etnologia e Pré-História, onde atuou
como geógrafo. Em 1883 realizou uma expedição para a ilha de Baffin, para fazer
um mapa e estudar os esquimós (os auto-denominados Inuit). Permaneceu no
local um ano antes de voltar para Alemanha. Dentre seus trabalhos importantes
está o material etnográfico recolhido durante o ano que conviveu com estes, que
o possibilitou escrever sua primeira obra de caráter antropológico: Os
esquimós centrais,
Em 1887 Boas mudou para Nova Iorque, onde
sua noiva morava, e nos anos subseqüentes realizou pesquisas entre os Kwakiutl
e outros grupos tribais da Colúmbia Britânica, na costa norte do Pacífico.
Produziu muito sobre a história, linguagem, cultura e arte dos povos da região.
Durante o documentário, a professora
falou ainda sobre o Potlach, ritual observado nos Kwakiutl e outros povos da região, que
consiste em os nativos juntarem todas as riquezas e destruí-las. (COMENTÁRIO DE
CECILIA: Alice, esta
descrição não é o suficiente. Quem juntava as riquezas, de que consistiam estas riquezas, como
foi o ritual, qual o motivo da destruição, e quais as consequencias?)
Quando foi morar nos Estados Unidos, Boas
trabalhou como professor, foi editor de uma revista cientifica e mais tarde
tornou-se professor da prestigiosa Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque, além de
curador das coleções antropológicas do Museu Americano de História Natural.
Na época de Boas, o ‘evolucionismo cultural’
estava inserido na Antropologia. Nesta forma de evolucionismo, acreditava-se
que a Europa era o apogeu do processo evolucionário e outros povos eram
selvagens, doutrina que serviu como justificativa para o domínio exercido sobre
esses povos pelos europeus e elites brancas das colônias e ex-colônias. Boas
criticou o evolucionismo cultural e propôs o particularismo histórico, que
sustentava que cada cultura continha em si seus próprios valores e sua própria
história única. Via valor intrínseco na pluralidade das práticas culturais no
mundo e era profundamente cético com relação a qualquer tentativa política ou
justificativa acadêmica, de interferir nessa diversidade.
Boas estudou com professores alemães, que
criticavam o evolucionismo e simpatizavam com o difusionismo*. Acreditavam no geist (espírito) especifico de cada
povo, algo que era bem particular de cada cultura. Ele era herdeiro do
humanismo romântico da Alemanha.
Franz Boas ainda fundou a antropologia lingüística,
ou seja, a linguagem como a alma do povo, a geist e as formas possíveis
de pensar através da língua. Estudar outra língua era viajar e se humanizar,
conhecer outra cultura e seu código lingüístico. A Antropologia vai desenvolver
e sofisticar essa idéia.
Boas foi um dos primeiros e principais
críticos do racismo e da suposta “ciência” inspirada por isso; seus estudos de
antropologia física mostraram que as características físicas associadas às
diferenças raciais se alteravam dependendo do meio-ambiente. Portanto, não eram
fixos. Assim, o que se denomina ‘raça’ não determina a capacidade nem o
comportamento dos humanos. Nas suas pesquisas, a variação cultural foi mais
expressiva do que qualquer outro valor considerado inato pelo determinismo
biológico. Essa abordagem foi mais tolerante e cientificamente embasada.
Em vez da visão etnocêntrico dos
evolucionistas ou o racismo dos antropólogos físicos do século 19, Boas trouxe
e enfatizou o relativismo cultural.
O legado de Boas durou quatro décadas.
Ele dominou a antropologia americana, pois muitos dos antropólogos americanos
da geração seguinte foram alunos de Boas. A antropologia cultural proposta por
Boas evoluiu em várias direções. Até hoje o seu legado continua na antropologia
americana.
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* DIFUSIONISMO - Uma escola que estudava a distribuição geográfico e a migração de traços culturais e postulavam que culturas eram mosaicos de traços com várias origens e histórias. (ERIKSEN & NIELSEN, 2007)
Bibliografia:
FRANZ BOAS. UOL Educação. Disponível em:<http://educacao.uol.com.br/biografias/franz-boas.jhtm>. Acesso em: 17 dez. 2012.
ERIKSEN, Thomas & Finn Sivert NIELSEN. 2007. História da Antropologia. Petropoles: Vozes.
* DIFUSIONISMO - Uma escola que estudava a distribuição geográfico e a migração de traços culturais e postulavam que culturas eram mosaicos de traços com várias origens e histórias. (ERIKSEN & NIELSEN, 2007)
Bibliografia:
FRANZ BOAS. UOL Educação. Disponível em:<http://educacao.uol.com.br/biografias/franz-boas.jhtm>. Acesso em: 17 dez. 2012.
ERIKSEN, Thomas & Finn Sivert NIELSEN. 2007. História da Antropologia. Petropoles: Vozes.