Autoras: Nágela Weber e Simone Cerqueira
Ata da aula de 28.10.2010
A professora Cecília McCallum inicia a aula relembrando a anterior e nos diz que Malinowski, criador do Método Etnográfico, não é conhecido como um bom teórico, mas defendia uma teoria antropológica conhecida como funcionalismo. Há várias teorias funcionalistas na sociologia, na psicologia, porém, hoje, a nossa aula será sobre o funcionalismo de Malinowski e o funcionalismo-estruturalista que Radcliffe-Brown defendia. As duas abordagens são relacionadas, mas, ao mesmo tempo, têm suas diferenças. Para melhor entendimento a professora faz uma esquematização e utiliza-se de slides produzidos no semestre 2010.1 por Bruna Zagatto (estudante do mestrado), para demonstrar o que é semelhante e o que é diferente nas duas teorias.
Segundo a professora, a primeira coisa que se tem, a saber, sobre o desenvolvimento destas teorias é a conjuntura histórico-social da época e lembrou que Malinowski, durante a primeira Guerra Mundial teve seus movimentos limitados. Após o término da guerra ele voltou para Inglaterra e foi professor no LSE na Universidade de Londres onde desenvolveu uma escola ‘funcionalista’. As ideias dessa escola continuaram muito importantes para a antropologia até os anos 60. A relação entre a teoria funcionalista e o campo, o lugar de fazer a pesquisa, a forma de escrever as monografias etnográficas, também chamadas etnografia, foi fundamental, pois nesse período, só se fazia teoria atrvés de estudos específicos de determinados povos, uma abordagem onde a análise teórica era feita apenas na discussão de dados empíricos.
Nessa época, a conjuntura histórico-social também influenciou a antropologia. Tinha movimento de pessoas entre países, muitas vezes porque essas pessoas eram “mal vistas” nos seus países de origem. Os eventos e processos políticos da época evidenciaram a pior forma de racismo que se vai conhecer: O extermínio e perseguição de milhares de judeus. Dentre as categorias de pessoas mal-vistas eram muitos estudiosos, como por exemplo alguns dos quatro grandes antropólogos fundadores de várias escolas da antropologia moderna.
Cada um tinha características sociais diferentes.
* Radcliffe-Brown FUNCIONALISTA ESTRUTURAL , era operário inglês, que teve grande êxito, mas tinha que se provar o tempo todo, pois sofria de preconceito, direcionado naquela época contra pessoas de origem 'baixa'. por causa das diferenças culturais entre as classes.
Ata da aula de 28.10.2010
A professora Cecília McCallum inicia a aula relembrando a anterior e nos diz que Malinowski, criador do Método Etnográfico, não é conhecido como um bom teórico, mas defendia uma teoria antropológica conhecida como funcionalismo. Há várias teorias funcionalistas na sociologia, na psicologia, porém, hoje, a nossa aula será sobre o funcionalismo de Malinowski e o funcionalismo-estruturalista que Radcliffe-Brown defendia. As duas abordagens são relacionadas, mas, ao mesmo tempo, têm suas diferenças. Para melhor entendimento a professora faz uma esquematização e utiliza-se de slides produzidos no semestre 2010.1 por Bruna Zagatto (estudante do mestrado), para demonstrar o que é semelhante e o que é diferente nas duas teorias.
Segundo a professora, a primeira coisa que se tem, a saber, sobre o desenvolvimento destas teorias é a conjuntura histórico-social da época e lembrou que Malinowski, durante a primeira Guerra Mundial teve seus movimentos limitados. Após o término da guerra ele voltou para Inglaterra e foi professor no LSE na Universidade de Londres onde desenvolveu uma escola ‘funcionalista’. As ideias dessa escola continuaram muito importantes para a antropologia até os anos 60. A relação entre a teoria funcionalista e o campo, o lugar de fazer a pesquisa, a forma de escrever as monografias etnográficas, também chamadas etnografia, foi fundamental, pois nesse período, só se fazia teoria atrvés de estudos específicos de determinados povos, uma abordagem onde a análise teórica era feita apenas na discussão de dados empíricos.
Nessa época, a conjuntura histórico-social também influenciou a antropologia. Tinha movimento de pessoas entre países, muitas vezes porque essas pessoas eram “mal vistas” nos seus países de origem. Os eventos e processos políticos da época evidenciaram a pior forma de racismo que se vai conhecer: O extermínio e perseguição de milhares de judeus. Dentre as categorias de pessoas mal-vistas eram muitos estudiosos, como por exemplo alguns dos quatro grandes antropólogos fundadores de várias escolas da antropologia moderna.
Cada um tinha características sociais diferentes.
* Radcliffe-Brown FUNCIONALISTA ESTRUTURAL , era operário inglês, que teve grande êxito, mas tinha que se provar o tempo todo, pois sofria de preconceito, direcionado naquela época contra pessoas de origem 'baixa'. por causa das diferenças culturais entre as classes.
* Malinowiski (era migrante polonês), FUNCIONALISTA.
* Marcel Mauss (1872-1950) da França era judeu da ESCOLA FRANCESA.
* Franz Boas (1858–1942), Estados Unidos (era alemão judeu), ANTRÓPOLOGO CULTURAL.
Voltando ao objeto da aula, a profª. Cecilia falou que o foco estava nas duas escolas britânicas: a de Oxford fundada por Radcliffe-Brown e de, Londres, centrada em Malinowiski.
Radcliffe-Brown levou suas idéias para todos os continentes: Ficou na Austrália por quatro anos, foi para África do Sul, veio para S. Paulo como professor visitante (mas nunca aprendeu a falar português), foi Professor de antropologia na Universidade de Chicago, EUA. Entre os seus sucessores mais ilustres, Evans-Pritchard, Fortes, Max Gluckman, Srinivas, antropólogo indiano.
Em Londres Malinowiski, que era aluno de Seligman, influenciou Raymond Firth, Audrey Richards, Edmund Leach e Issac Schapera, entre muitos outros. Muitos desses antropólogos trabalharam na África.
A professora diz que é difícil explicar a teoria da evolução das ideias antropológicas, sem fazê-la a partir da leitura da etnografia, mas isto deverá ser visto na Antropologia II e III. Dessa lista, cada um tem um modo diferente de escrever sobre suas pesquisas etnográficas e assim fazer teoria antropologia.
Diferenças entre o funcionalismo-estrutural e o funcionalismo
Funcionalismo-estrutural
Crítica severa à história conjetural dos evolucionistas.
Análise sincrônica (presente etnográfico)
Análise estrutural durkheimiana.
Indivíduo é produto da sociedade.
Estudos na África.
Estudos de parentesco e organização social e política
Funcionalismo
Crítica severa à história conjetural dos evolucionistas.
Análise sincrônica (presente etnográfico)
Etnografia detalhada.
Individualismo metodológico.
Estudos no Pacífico.
Estudos da religião, língua, práticas culturais, organização social.
A Profª explica que para Malinowski a família é uma instituição influenciada pelo contexto. Ou seja, as outras instituições ao seu redor a afetam e são também por ela afetadas. Consequentemente, em cada sociedade, a família tem aspectos singulares, talvez únicos. Assim, ele defendia que a família biológica é UNIVERSAL más é transformada em cada sociedade no ESPECÍFICO (a família Trobriandesa, a família Kaxinawá, Panará, etc.). As diferenças e semelhanças só podem ser reveladas através de estudos científicos. Eventualmente ele desenvolve o método etnográfico. O estudo científico de Malinowski determina que o pesquisador tem que conviver imerso no objeto de estudo, aprender a língua. A Teoria Funcionalista emerge também estritamente ligada ao Método Etnográfica. Um ponto importante no funcionalismo é que uma instituição qualquer - por exemplo, um tipo de casamento, ou o kula, ou um complexo xamânico - é vivenciada pelos indivíduos que a compõe. Para estudá-la, não basta ir conversar e fazer entrevistas; também é necessário ver como fazem na prática. Porque, como Malinowski ensinava, às vezes as pessoas dizem uma coisa e fazem outra. Ex. A ideologia do parentesco e a prática nos modos de se relacionar.
Crítica severa à história conjetural dos evolucionistas.
Análise sincrônica (presente etnográfico)
Etnografia detalhada.
Individualismo metodológico.
Estudos no Pacífico.
Estudos da religião, língua, práticas culturais, organização social.
A Profª explica que para Malinowski a família é uma instituição influenciada pelo contexto. Ou seja, as outras instituições ao seu redor a afetam e são também por ela afetadas. Consequentemente, em cada sociedade, a família tem aspectos singulares, talvez únicos. Assim, ele defendia que a família biológica é UNIVERSAL más é transformada em cada sociedade no ESPECÍFICO (a família Trobriandesa, a família Kaxinawá, Panará, etc.). As diferenças e semelhanças só podem ser reveladas através de estudos científicos. Eventualmente ele desenvolve o método etnográfico. O estudo científico de Malinowski determina que o pesquisador tem que conviver imerso no objeto de estudo, aprender a língua. A Teoria Funcionalista emerge também estritamente ligada ao Método Etnográfica. Um ponto importante no funcionalismo é que uma instituição qualquer - por exemplo, um tipo de casamento, ou o kula, ou um complexo xamânico - é vivenciada pelos indivíduos que a compõe. Para estudá-la, não basta ir conversar e fazer entrevistas; também é necessário ver como fazem na prática. Porque, como Malinowski ensinava, às vezes as pessoas dizem uma coisa e fazem outra. Ex. A ideologia do parentesco e a prática nos modos de se relacionar.
A Biologia tinha um lugar importante no Funcionalismo de Malinowski. Ele ensinava que o organismo humano, contextualizado na família (com seus traços universais, e com seus aspectos socialmente específicos) – era cheio de necessidades biológicas e interesses egoístas. A sociedade ao seu redor (o contexto maior) com todas as suas especificidades, era usado e explorado pelo indivíduo (ele exemplificava o argumento com os Trobriandeses). Para Malinowski,o organismo com suas necessidades era, no final das contas, a força-motor da sociedade.
De acordo com a Profª Cecilia McCallum o ibope de Malinowski não vem desta parte do seu pensamento. Em vez disso, a sua importância e aceitação deriva do método etnográfico e dos seus estudos etnográficos, que são clássicos.
A rejeição ou pouca aceitação da versão de teoria funcionalista arquitetado por Malinowski em Londres contrasta com a grande influência exercida por seu rival e contemporâneo em Oxford, Radcliffe-Brown.
Continuando a utilizar os slides de Zagatto, a Profª Cecilia começa a enfatizar as obras de Radcliffe-Brown. The Andaman Islanders (publicado 1910 e republicado em 1922). A primeira publicação tinha influência do difusionismo, de Haddon e Rivers. Radcliffe-Brown fez um estudo dos nativos de Andaman, examinando as características físicas, língua, cultura, tecnologia. A partir disso ele fez uma reconstrução hipotética da história, para explicar suas origens.
A segunda publicação não mais apresenta um caráter historicista, predominando a influência de Durkheim (ele a reescreveu após ler “As Formas Elementares da Vida Religiosa”). O enfoque é dado na organização social, sobretudo nos mitos e ritos.
No livro The Social Organizacion Of Australian Tribes publicado em 1931 ele faz análise de diferentes sistemas de parentesco, o estudo do totemismo e a Teoria dos pares de oposição (retomada posteriormente por Lèvi-Strauss).
Em 1957 publica A Natural Science of Society. Radcliffe-Brown defendia que a sociedade funciona segundo leis que podem ser isoladas. Queria fazer da antropologia social uma ciência nos moldes das ciências naturais. Como faz a ciência natural, quando trata de revelar as leis da naturezza, a antropologia social devia revelar as leis da sociedade. Para ele a sociedade é coesa por força de uma estrutura de regras jurídicas, estatutos sociais e normas morais, que circunscrevem e regulam o comportamento; as Instituições como o sistema de distribuição da terra, as regras para solucionar conflito, a divisão do trabalho, etc.,contribuem para a manutenção da estrutura social. Essa é a função e causa da existência desses sistemas. A estrutura social existe independentemente dos indivíduos que a reproduzem. As pessoas reais e suas relações são agenciamentos da estrutura. E, finalmente, o trabalho de campo deve buscar os princípios estruturais abstratos e os “mecanismos” de integração da sociedade (“mecanismos” = “representações coletivas” de Durkheim).
A professora encerrou dizendo que quando se estuda diferentes sistemas, estuda-se a função das instituições que estão inter relacionadas dentro de um determinado sistema. Uma coisa causa outra que desencadeia outra. Então, quando se faz trabalho de campo tem-se que buscar os princípios estruturais básicos, abstrai o que observa para chegar aos princípios básicos. São os mecanismos de integração da sociedade. O importante é que se revela aqui a influência da visão durkheimiana.
Referências Bibliográficas:
A organização social das tribos australianas (1931). Disponível em:
Alfred Reginald Radcliffe-Brown. Disponível em:
Bronisław Malinowski. Disponível em:
<> Acesso em: 29 out.2010
MCCALLUM, Cecilia Anne. Funcionalismo e funcionalismo-estrutural. Gravação da aula de 28.10.2010
MELATTI, Júlio Cezar.”Introdução” In Radcliffe-Brown: Antropologia cultural. Orgs. J.C. Melatti & F. Fernandes. Coleção Grandes Cientistas Sociais, São Paulo. Ática. 1978. pp7-35.
ZAGATTO, Bruna. Introdução ao funcionalismo e estrutural-funcionalismo. 2009. Slides
Informaçoes Biográficas sobre os dois autores:
A.R.Radcliffe-Brown (1881 - 1955)
ALFRED REGINALD RADCLIFFE-BROWN - Antropólogo britânico nasceu em Birmingham, Warwick, Inglaterra, criador do estudo das sociedades humanas como ciência. Realizou suas primeiras pesquisas antropológicas (1906-1912) nas ilhas Andaman, a sudoeste da Indochina, e na Austrália ocidental, a fim de estudar os sistemas de parentesco e a organização familiar dos povos aborígine. Defendia a condição de ciência para a antropologia e para as demais disciplinas das sociedades humanas, ensinou antropologia na Cidade do Cabo, África do Sul, e em Sydney, Austrália, Chicago e Oxford, nos Estados Unidos. Foi professor-visitante das universidades de Yenching, São Paulo e Faruk I, em Alexandria, no Egito, onde também dirigiu o Instituto de Estudos Sociais e morreu em Londres. Em sua obra literária definiu o fenômeno social como um conjunto de sistemas permanentes de adaptação, fusão e integração de elementos. Como importante antropólogo funcionalista, pesquisou os nativos das ilhas Andaman, no golfo de Bengala e seus principais trabalhos versaram sobre organização social das tribos australianas, sistemas africanos de parentesco e casamento e a estrutura e função nas sociedades primitivas. Seus principais livros foram The Andaman Islanders (1922), The Social Organization of Australian Tribes (1931) e Structure and Function in Primitive Society (1952).
B. K. Malinowski (1884-1942)
BRONISLAW KASPER MALINOWSKI–Antropólogo, polonês, nasceu na Cracóvia, Polônia, em 7 de abril de 1884. Seu pai, um professor de filologia eslava na Jagellonian Universidade e um lingüista e folclorista de certa reputação, era descendente da nobreza polonesa. Sua mãe, Józefa Lacka era lingüista e de uma família proprietária de terras cultivadas. Ele estudou escola pública João Sobieskilica e, depois, na Universidade Jagiellonian onde descobriu Sir James Frazer através da obra The Golden Bough, um evento que aguçou sua curiosidade sobre os povos primitivos e culturas humanas e sobre a sociedade. Foi assim que começou a ampliar seu foco de sua paixão original de matemática e física para os campos da filosofia e da psicologia. Entretanto, apesar dos reveses criado por sua saúde, ele conseguiu obter seu doutorado em Filosofia, Física e Matemática em 1908, graduando-Sub auspiciis Imperatoris, a maior honraria do Império Austro-Húngaro. Depois, ele retomou estudo na Universidade de Leipzig, na Alemanha, com foco em físico-química, onde ele também veio sob a influência do filósofo / psicologia pioneiro de Wilhelm Wundt - que seria similar influência sociólogo francês Émile Durkheim . Em 1910, usando uma bolsa para treinar como um professor universitário, Malinowski viajou para Londres, pesquisou no Museu Britânico. Ele estudou na Escola de Economia de Londres, com Edvard Fronteira Oeste , e recebeu o seu doutoramento em 1913, e seu PhD em Ciência em 1916. Viajou para a Nova Guiné, Austrália, e várias partes da Melanésia. E foi nesse período que começou seu trabalho de assinatura entre os ilhéus de Trobriand, estudando o parentesco, o comércio, os efeitos práticos do ritual e da religião, assim como a intersecção entre ideais culturais e comportamentos reais por dia. Escreveu vários livros, dentre eles, A família entre os aborígines australianos (1913), Os nativos de Mailu (1915), As Ilhas Trobriand (1915), Argonautas do Pacífico Ocidental (1922), A Teoria Científica da Cultura (1922, Mito em Psicologia Primitivo (1926), Crime e costume na sociedade selvagem (1926), Sexo e Repressão na Sociedade Selvagem (1927), A vida sexual dos selvagens na Melanésia Norte-Ocidental (1929), Coral Gardens and their Magic (1935), Os Fundamentos da fé e da moral (1936).