terça-feira, 14 de setembro de 2010

O Kula no "Argonautas do Pacífico Ocidental", de Bronislaw Malinowski

<Autoras: Cetilá Itas e Deise Santos

A aula ministrada pela professora Cecilia McCallum no dia 24/08/10 discutia o estudo etnográfico que Malinowski fez da instituição do Kula. Se baseou no capítulo introdutório do livro “Argonautas do Pácifico Ocidental” onde ele faz um resumo dos seus achados sobre esta instituição. O Kula é uma troca cerimonial de objetos, praticadas por homens que moram em um anel de Ilhas localizados ao norte e leste de Nova Guiné.


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Malinowski morou vários anos com os Trobriandeses, na ilha de Kiriwina, que pertence ao grupo de ilhas nesse anel conhecido como as Ilhas Trobriandeses. O objetivo da aula era ilustrar a discussão dos métodos de pesquisa etnográfica utilizados por Malinowski, discutidos em aula anterior. A professora pediu a um dos alunos para fazer um mapa das Ilhas Trobriandesas no quadro para facilitar entendimento durante a aula.










Para ver imagens do Kula e dos trobriandeses a professora sugeriu o documentário da BBC; “Tales From The Jungle”, que retrata a vida de Malinowski, o interesse pela antropologia e como se tronou antropólogo. Para assistir o vídeo podem acessar o site youtube no interne.



Ao iniciar a discussão sobre o Kula, discutiu-se quem são os trobriandeses e qual a tecnologia utilzada para o transporte marítimo quando Malinowski realizou o seu estudo (1914-1918). Os trobriandeses viajavam em alto mar utilizando canoas precárias para participarem nos rituais e cerimônias das trocas kula, em datas antecipadamente marcadas. Os rituais e cerimônias do kula eram acompanhados por transações paralelas, bem distintas, de fins comerciais, chamados de “gimwali”. O gimwali era escambo simples, enquanto o kula era com um jogo sofisticado, cheio de regras, de ceremonia e de magia. Os produtos trocados no gimwali variam de região para região, enquanto na troca ceremonial kula, que era desenvolvida entre dois parceiros, se trocava apenas dois tipos de objetos de valor simbólico. Cada tipo era ligado a uma rota a ser seguida, em direções opostas. Em uma destas rotas os longos colares de conchas vermelhas, denominados soulava, seguiam no sentido dos ponteiros do relógio; na outra rota, as braceletes de conchas brancas, denominados mwali, seguiam o sentido oposto. Malinowski conta que era interessante para cada integrante ter uma quantidade significativa de parceiros, pois isso lhe atribuía “poder”. Os objetos entregues aos seus parceiros poderiam não ser retribuídos no mesmo dia - talvez demorasse um dia, meses, ou anos. E por uma questão ética o parceiro deveria aguardar sem demais cobranças. Na instituição tinha regras que eram respeitadas pelos integrantes.

As mulheres não realizavam trocas durante as cerimônias de Kula, mas isso não queria dizer que não tinham poder próprio. A sociedade Trobriandesa é matrilineal. Quer dizer, ao nascer o filho pertence à linhagem da mulher, portanto a classificação social é matrilineal e não patrilineal...



Malinowski na condição de etnógrafo estava atento aos sentidos relacionados aos costumes. Para ela, a imparcialidade, observação minuciosa, e análise sobre os fatos verificáveis era imprescindível.. Ele tanto estudava do ponto de vista dos nativos (o êmico) quanto do ponto de vista do observador de fora (o ético). É importante ressaltar que o etnógrafo se depara com diversas declarações preconceituosas que se não analisadas com imparcialidade poderão interferir no desenvolvimento da sua pesquisa. O etnógrafo no inicio tem dificuldades de comunicação, pois há necessidade de aprender a língua dos nativos estudados. Algumas expressões não são passíveis de tradução. Malinowski aprendeu a falar língua trobriandes, para poder dar continuidade a sua pesquisa com o povo trobiandes. Ele insistia que era preciso se ambientalizar e ficar atento aos detalhes.

Ao retornar para a Europa Malinowski depois da pesquisa, o antropólogo comparou as jóias da coroa com os objetos de adorno muitas vezes gastos, feios e engordurados trocados entre os nativos das Ilhas trobriandesas – quer dizer os soulava e os mwali, tão apreciados e exataldos, com alto valor simbólico para os nativos. Assim Malinowski pode entender o significado das trocas ceremoniais em cada região. As jóias da coroa, que são entregues a cada nova geração dos familiares, possuem alto valor simbólico e sentimental, alem do valor simplesmente comercial. Desse modo, a semelhança entre os objetos de kula e os objetos herdados em famílias europeus pode ser ligada ao valor sentimental e simbólico que ambas possuem para os povos distintos.

O assunto foi encerrado falando sobre a função Kula e as formas de organização social. Chegou-se a conclusão de que essa relação é extremamente ligada ao pode e paz entre os povos e basea uma supra organização que conecta as doferentes ilhas do anel.




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