terça-feira, 7 de abril de 2009

Comentários sobre o Evolucionismo Cultural: Edward B. Tylor (1832 - 1917) e J.C. Frazer (1854 - 1941) e o Evolucionismo Cultural


AUTORA: Simone dos Santos Borges

E.B.Tylor e J.C.Frazer juntamente com L.W.Morgan e outros teóricos como H. Maine e J. McLennAn, fomentaram o pensamento evolucionista na antropologia. O trabalho de Tylor e Frazer passa pela discussão sobre as instituições religiosas, daquelas que para esses autores são ancestrais comuns de toda humanidade.
Durante a aula no dia 02/04/2009, tomamos conhecimento que o esquema da evolução da religião de Tylor segue de um modo geral os estágios definidos por Lubbock, outro evolucionista do Sec. XIX.
Lubbock defendeu que a evolução da religião passou pelos seguintes estágios:
  • Ateísmo
  • Fetichismo: (objeto) – {animismo}
  • Totemismo: (natureza) – {animismo}
  • Xamanismo (há um mediador entre o homem e as forcas naturais - Xamã)
  • Idolatria
  • Teísmo (as grandes religiões).
'Totem' - Palavra oriunda do grupo Ojibwa (EUA), a qual possui símbolos com figuras de animais (ursos, lobos etc.), cada um representando um clã.

Totemismo pode ser definido então como representação simbólica do social pelo natural. No caso dos Ojibwa as informações a respeito do totem são transmitidas através da tradição oral. Alem dos totens coletivos, ou seja, de representação clanica há o manitoo, uma espécie de totem individual. Para cada totem há uma ligação com as atividades cotidianas do indivíduo ou grupo.

Mas o que Tylor e Frazer têm a ver com o totemismo?
Tylor tinha como área de interesse para seus estudos a "religião". Procurou defini-la para alem da idéia de deuses separados da humanidade e superiores a ela. Tylor definiu a religião como "crença em Seres Espirituais", pois para ele a experiência do sonho levava as pessoas a crerem que tinham uma parte incorpórea que podia ser separado do corpo. Assim para ele o fato de homens crerem que objetos inanimados possuíam espíritos era a idéia da criança que crer que os objetos a sua volta ganham vida.

Fundador do método comparativo, segundo Lucy Mair, Tylor utilizava em suas pesquisas a "aritmética social", ou seja, dispunha os costumes em tabelas para ver como se relacionavam. Estudou a questão da primordialidade ou da patrilinearidade ou da matrilinearidade – ou seja, que sistema surgiu primeiro? e após descobrir que nas sociedades matrilineares a mulher não exercia a autoridade, rejeitou os termos ‘matriarcal e ’patriarcal’. Frisou a importância do casamento entre filhos de irmãos e irmãs nas sociedades simples, desenvolvendo a frase 'casamento de primos cruzados', e também introduziu em Antropologia o termo "sobrevivência" sendo isto:
  • "processos, costumes, opiniões, etc., que foram transportados pela força do habito para um novo estado da sociedade diferente daquele em que se tinham organizado e, que, desta forma permanecem como provas e exemplo de uma condição cultural mais antiga de onde a mais nova se desenvolveu" [Tylor em Primitive Culture, 1913, vol.i, p.16, citado por MAIR 1985. Pp31]

Tylor é considerado por alguns como o pai da Antropologia Cultural. Foi o primeiro a tentar formular o conceito através de uma definição formal. Ao definir cultura como objeto de estudo antropológico, Tylor criou as bases para a antropologia cultural:

  • "Cultura ou Civilização, tomada em seu mais amplo sentido etnográfico, é aquele todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costumes e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem na condição de membro da sociedade". [Tylor, em Primitive Culture, citado por CASTRO 2005, Pp17].

Enquanto isso, Frazer mantinha interesse pelos estudos clássicos, o que não o impediu de tornar a Antropologia conhecida de todos. Seus estudos focalizaram o campo religioso, sobe o qual reuniu uma grande quantidade de dados tratando de diferentes temas, como mitos e rituais,. Frazer começou consultando autores da tradição Greco-Romana, passando depois a observar e estudar as características das religiões das sociedades simples.

Sua principal obra "O ramo de Ouro" explica o tema da mitologia clássica, no templo do Bosque Nemi, onde qualquer indivíduo poderia se tornar sacerdote, caso arrancasse o ramo de ouro da arvore sagrada e matasse o sacerdote. Frazer também salientou a importância de catalogar as informações sobre os selvagens antes que fosse tarde, pois percebia que já eram quase escassos, visto que para este autor os indivíduos "selvagens" constituíam uma fonte viva de informações sobre os estágios mais primitivas na evolução humana. Segundo Castro (2005), uma palestra dada por Frazer em 1908 sobre ‘O escopo da antropologia social', pode ser vista como o momento inaugural da a Antropologia Social.

Porém enquanto seu prestigio e reputação crescia com a comunidade leiga, decaia com os antropólogos que o sucediam. A partir de 1920 o evolucionismo cultural havia passado.

Assim, Frazer e Tylor trouxeram em sua época esclarecimentos sobre a relação do ‘homem’ com a instituição religiosa, além de revolucionarem o estudo da Antropologia que até hoje servem de base para os novos antropólogos que não negam seu pioneirismo, mas devido ao avanço nos estudos antropológicos acabam por rejeitar tais teorias, sem lhes negar a devida importância e respeito que merecem.

Referencias
CASTRO, Celso. 2005. Apresentação. In: CASTRO, Celso. ‘Evolucionismo Cultural. Textos de Morgan, Tylor e Frazer.’ Jorge ZAHAR Editor. RJ. Pag. 7 – 38.
MAIR, Lucy. 1985. ‘Como se desenvolveu a antropologia social.’ In: MAIR, Lucy. Introdução a Antropologia Social. ZAHAR editores, RJ. Pag.24 – 36.

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